Introdução

Grupo de jovens, mais ou menos coerentes, uns de esquerda outros de direita, outros nem sabem de onde, deram por si a debater os mais variados assuntos a cada encontro. Ora economia ora desporto, passando pela religião até aquilo que em Portugal se chama de Política.Com a evolução dos seus percursos pessoais, e da necessidade de um local para promover essas trocas de opiniões, (já fartos de serem expulsos de certos cafés) quatro deles juntam-se e nasce este espaço. Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. Sim, nós sabemos que parece um T1 em Sacavém, com vista para a linha do comboio. Mas não dá para mais, estamos à rasca.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Começo

Antes de mais parece-me importante começar por agradecer a esta fantástica ferramenta que a rasca da nossa geração trouxe: a Internet. Esse fabuloso instrumento possibilita-nos aqui, com toda a abertura e frontalidade que caracteriza a juventude (para além de sermos uns parasitas da sociedade, do sofá dos nossos pais e culpados da falta de vida em Marte, obviamente) expor ideias, discutir, 'mandar umas bocas' e sobretudo crescer, porque quer queiram quer não, nós somos a geração de amanhã. Somos a geração do futuro. Somos também e paradoxalmente, a geração mais instruída de sempre neste cantinho do Mundo. Mas isso não interessa nada.

Dito isto hoje e como primeira pseudo-crónica que escrevo nesta pequena tertúlia divagadora, hoje debruçar-me-ei sobre o assunto menos falado dos últimos tempos. Política. Não aquela política má, que consiste em ajudar os outros e pensar no bem comum. Não, nada disso. Falarei daquela política de grandes valores praticada em Portugal, em que o mais importante são os tachos, as panelas e os caldeirões para a familia, os amigos, o cão, o gato e o piriquito.

Falando um bocadinho mais a sério (ou não), Portugal encontra-se num estado de calamidade económica, que se tornou numa barricada perfeita para o debate político mesquinho e caprichoso. Forças políticas de esquerda e de direita, vão-se entretendo com as acusações do costume, apontando o dedo ' aos perigosos liberais de direita', aos 'revolucionários de casa-de-banho' ou até vejam bem, a José Socrátes. Coitado do senhor. Mas aquilo que realmente interessa num momento em que as pessoas ainda não se aperceberam bem das consequências que esta derrapagem financeira e económica terá no estilo de vida que conhecemos, é que os agentes políticos, que se esperam que sejam os representantes da vontade popular, ajudem o País a encontrar soluções para a crise que passamos. Neste momento as pessoas não votam no partido A, B ou C, votam, isso sim naqueles que mais lhe inspiram confiança para ultrapassar uma fase negra e desgastante como esta. Mesmo depois das mensagens discretas de Durão Barroso, ou dos apelos públicos (por públicos entenda-se Facebook) de Cavaco Silva, apelando ao consenso, à unidade e à coesão, ou noutras palavras dizendo: 'Vamos lá ter juízo, que já é altura de sermos crescidinhos', o objectivo continua a ser chegar a dia 5 de Junho à frente, com ou sem maioria absoluta, com a possibilidade de deter o poder e escolher a equipa e os cargos governativos a seu belo prazer (mais um conjuntinho de tachos pronto a sair), porque no fim do dia, uns 'não falam verdade' e outros só 'dizem mentiras'.

O problema já ultrapassa as constantes parvoíces de José Sócrates, a passividade e falta de liderança de Pedro Passos Coelho (bem como a fantástica escolha do mui Nobre presidente da AMI, para lider das listas por Lisboa do PSD), a constante retórica opositória de Francisco Louçã, a busca louca por um cargo no Governo de Paulo Portas ou a conversa desactualizada e descontextualizada de Jerónimo de Sousa. O problema está nas pessoas. Na nossa sociedade. Nos políticos que criamos, e na ideia que temos deles. Porque, sejamos sinceros, ser blogger, cronista, políticólogo ( que agora é uma profissão na moda para não se fazer nada), comentador televisivo, ou simplesmente treinador de bancada, não ajuda, nem mudará a situação em que vivemos. Não podemos ser críticos em relação a tudo quando nada fazemos para tentar ser parte da solução ou pelo menos impulsionadores dela.
Seja no associativismo, nas juventudes partidárias, nas autarquias, nos clubes desportivos, nos postos de trabalho, etc os portugueses têm que, à boa maneira espanhola (para os que defendem a União Ibérica), ter 'ganas', sair para a rua e lutar, dar a sua opinião, não ter medo de assumir o que pensam e as ideias que têm, mas sobretudo e mais importante que qualquer outra coisa não deixar que o país em que nascemos e orgulhosamente representamos, se torne num cantinho à beira mar plantado, em que os pobres são cada vez mais pobre e os ricos também são cada vez mais pobres.
De um enrascado para uma nação a enrascar-se, sejamos todos, neste momento de verdadeira crise, homens e mulheres de força, porque dos fracos e oprimidos não reza a história.


3 comentários:

  1. Boas. Escrevo antes de mais para vos desejar a melhor sorte com este blog... e já agora com o resto da vossa enrascada vida. Escrevo depois porque estou cada vez mais desesperado com o rumo deste nosso país, e porque cada vez mais me sinto impotente. Impotente porque não interessa a minha ideologia política ou económica; porque não interessa quem eu acho ter valor na nossa sociedade; porque não interessa o meu mais básico instrumento de expressão democrática - o voto - porque vá para quem for, vai mal. Impotente porque parece mesmo que nada se pode fazer, escrevo para partilhar a minha opinião sobre o que está mal, e lançar uma ideia (perdoem-me, mas nada fundamentada) sobre como poderia ficar melhor. O que está mal parece-me óbvio: o ser humano é egoísta PONTO - se puder beneficiar-se sem dar muito nas vistas, ou sem prejudicar visivelmente outrem, fá-lo-á em 99% dos casos (falo claro sem qualquer fundamentação académica). O que significa que qualquer sistema em que a comunidade a ser governada passe um cheque em branco de 4 anos a um conjunto de pessoas que se consegue beneficiar, estará à partida condenado. Mais ainda, não faz qualquer sentido eu ter de dar o meu voto a alguém com quem eu não concordo 100% das vezes (se calhar nem 50) só porque discordo de todas as alternativas ainda mais! (e.g.: se eu for a favor do casamento homossexual, mas contra o aborto, voto em quem?). Posto isto, que solução apresento? Um bocado em jeito da revolução que todos esperamos, gostava que aparecesse um movimento popular com um "programa de governo" menos político que os dos partidos actuais, mas apenas com um conjunto de medidas concretas com que toda a gente (vá 99% só porque eu gosto de percentagens) concordasse; e que depois se referendassem todas as matérias que são verdadeiramente políticas. Exemplos? Alguém em Portugal achará verdadeiramente normal que o presidente do Banco de Portugal ganhe mais que o da Fed nos EUA? Alguém vê verdadeira utilidade nos governos/governadores civis? Alguém (para além dos políticos) acha que são realmente precisos 230 deputados no nosso país? Ou que são realmente precisas tantas juntas de freguesia, com tantos presidentes e tudo o que lhes vem indexado? São gotas de água, dirão. Verdade, mas são muitas! E para além disso, até o exemplo vir de cima, não há credibilidade para pedir sacrifícios quando eles são efectivamente necessários. Não era difícil chegar a um conjunto de medidas com que todas as pessoas (leia-se claro 99%), excluindo as ligadas a qualquer espécie de aparelho partidário, concordassem. Depois... aos políticos o que é da política! que se debatessem os abortos e os casamentos, os dinheiros do estado a gastar na saúde, na educação ou na defesa... mas que se perguntasse ao povo o que ele realmente quer, em cada assunto! Que se referendasse toda a matéria política em que não se conseguissem maiorias muito mais do que absolutas no parlamento. que os partidos, em vez de governarem pelo nosso voto em branco, fossem obrigados a esclarecer-nos sobre cada matéria, e fossemos nós chamados efectivamente a decidir. Vou ficar por aqui que já estou longo (salvo seja). Reitero que nada disto é minimamente fundamentado, pelo que estou certo comentários seguintes me cilindrarão. É só uma ideia... para uma revolução... por que cada vez mais anseio! stay happy! h

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  2. DF, não deixa de ser curioso, que o "Começo" seja sobre o fim. Nem que seja de Portugal como o conhecemos e fomos criados. Até podia dizer que era um Portugal Independente, mas nunca o chegámos verdadeiramente a ser...

    Caro(a) hagah, o que falas é claramente algo que toda a gente pensa ou pelo que pelo menos já lhe foi incutido por alguém. E apesar de concordar com quase tudo, não deixa de ser um pouco Utópico pois quem governa ou tem autonomia de fazer alterações profundas na sociedade, nunca irá actuar sobre algo que altere esse estado. Pois tal, só os iria fazer perder privilégios, direitos e acrescentar deveres (algo muito incómodo). Basta ver que leis como a criminalização de Gestores Públicos, foi chumbada. A anedota que é GP receberem bónus de gestão com as empresas a darem milhões de prejuízo. Entre outros que mais oportunamente falarei. Essa brilhante ideia teórica, que é um movimento popular, já houve em parte, mas barrou na falta de nobreza de carácter do próprio... Não deixa de ser curioso, que para ousarmos derrubar esta sistema que se instalou, tenhamos que jogar esse jogo. Mas estaremos sempre em desvantagem, as regras foram criadas pelos adversários...

    Sê bem vindo,
    Cumprimentos

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  3. E que impacto não poderia ter um movimento semelhante numas eleições legislativas?
    Não numas presidenciais, em que como nos imortais, "in the end, there can be only one". Aí dificilmente se conseguirá algo mais do que publicidade. Não que seja má! Ao menos deixou visível que é possível, que há suficiente gente descontente para este tipo de movimentos ter futuro.
    Por que não acreditar? Será mesmo utópico? O que significaria um conjunto de nunca-antes-políticos arrecadar 20 ou 30% de votos numas legislativas? Não conseguiriam fazer passar na Assembleia algumas dessas medidas que toda a gente não política gostaria de ver passadas? Gostava de pensar que não é impossível!
    Somos demasiados contra esses gestores públicos não criminalizados, contra esses bónus nas empresas públicas que dão prejuízos (quanto aos das privadas acho que já será dependente da ideologia política, portanto deixe-se para referendo). Somos demasiados para isto continuar!...
    Vai ter que surgir este movimento... assim o espero!

    Cumprimentos,
    h

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