Introdução

Grupo de jovens, mais ou menos coerentes, uns de esquerda outros de direita, outros nem sabem de onde, deram por si a debater os mais variados assuntos a cada encontro. Ora economia ora desporto, passando pela religião até aquilo que em Portugal se chama de Política.Com a evolução dos seus percursos pessoais, e da necessidade de um local para promover essas trocas de opiniões, (já fartos de serem expulsos de certos cafés) quatro deles juntam-se e nasce este espaço. Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. Sim, nós sabemos que parece um T1 em Sacavém, com vista para a linha do comboio. Mas não dá para mais, estamos à rasca.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Novas Oportunidades

Antes de mais, aos nossos seguidores e aos meus companheiros, peço desculpa pela ausência de “post’s” nos últimos tempos, mas a época de exames já vai longa e a malta tem que trabalhar para se desenrascar. Mas pronto, agora que a disponibilidade é maior, resolvi voltar ao activo com um título polémico.

Não, peço desculpa, mas não. Não vou falar de eleições, nem de vencedores e derrotados, nem de troikinices nem da ida do Sócrates para a prateleira, se bem que de todas, esta última foi a melhor coisa que aconteceu no Domingo passado. Isso e a lata do Francisco Louçã ao atribuir as culpas do fracasso do Bloco de Esquerda aos outros partidos, sabendo de antemão que colando-se ao PCP e recusando negociar com a Troika estava a colocar-se numa posição débil e de muito perigo. Assim e dito isto, hoje escreverei sobre: Novas Oportunidades.

É importante no inicio desta análise, definirmos dois tipos diferentes de Novas Oportunidades. As verdadeiras Novas Oportunidades e as “Novas Oportunidades Sócratianas”. Quanto às verdadeiras nada a dizer. A alfabetização, educação e enriquecimento da população são pilares fundamentais do Estado Social (esqueçam que o Zé existiu nas vossas vidas) que a sociedade se propõe perseguir e alcançar. A vontade das populações de terem habilitações literárias que lhes permitam abrir novas portas e novas oportunidades é total e perfeitamente compreensível, sendo um sinal da sede de conhecimento que ainda temos no nosso Pais.

Mas este lado positivo das Novas Oportunidades têm que ser correlacionado com as suas faces negativas, que sejamos sinceros, são mais do que as que seriam, à partida, expectáveis e admissíveis. Quando Pedro Passos Coelho falou em “certificados de incompetência”, apenas disse, de forma clara, aquilo que muitos estudantes e profissionais sentem na pele todos os dias.

Confuso? Normal. Simplificando, o “certificado de incompetência” das Novas Oportunidades não é, ao contrário do que possa parecer, passado aos que no programa estão inseridos, mas sim, aos outros que percorreram o caminho dito “normal” nos degraus da educação em Portugal. Isto não quer dizer, obviamente, que uns sejam melhores que outros. Nada disso. Quer apenas e só espelhar, uma desigualdade abismal que toda a gente vê mas que ninguém quer ver.

Confuso outra vez? Óbvio. Aquilo que quero dizer é que as Novas Oportunidades permitem aos seus alunos fazerem com pouco esforço e dedicação (comparativamente) aquilo que os outros fazem suando muitas vezes sangue e suor. Ninguém no seu perfeito juízo, pensa que terminar o 12º ano pelo ensino normal é a mesma coisa que fazê-lo através do programa supra referido. Não tem qualquer semelhança, seja ao nível de preparação seja ao nível de exigência. Então qual a solução? Simples. Repensar a organização das Novas Oportunidades, continuando a dar a oportunidade às pessoas de se instruírem e de obter mais e melhores atributos educativos, mas retirando a opção de estas seguirem para o ensino superior. Porquê? Porque o ensino superior pressupõe uma enormidade de capacidades cognitivas e de estudo, que permitam-me a franqueza, um aluno das Novas Oportunidades à partida não tem, e que, mais importante ainda, não trabalhou (seja por facilitismo seja por impossibilidade) tanto como quem percorreu o caminho dito regular.

Assim, e finalizando, o mais importante era que as Novas Oportunidades não tivessem sido apenas e só números de faz de conta, mas uma verdadeira ideia de ajudar e igualar as pessoas no que ao nível educacional diz respeito. Se é um atestado de incompetência? É discutível. Se é um programa defeituoso, desigual e injusto? Disso não tenho qualquer dúvida.

11 comentários:

  1. Eu nao ficava chateado se tivesse um colega de Faculdade (tambem já lá andei) que viesse das Novas Oportunidades. Nem eu me achava mais burro nem ele mais inteligente. Se se esforçou mais ou menos é impossivel quantificar. Não fico com dor de cotovelo de quem não se esforçou para entrar na faculdade, seja pelo caminho normal seja pelas Novas Oportunidades. Afinal, o mais dificil nao é entrar, o dificil é sair. E ai é que se vao ver as "capacidades". Porque se há alunos tão inteligentes do caminho normal que desistem dos cursos iniciais porque nao aguentam, tambem devem haver uns quantos "burros" das Novas Oportunidades que levem os cursos até ao fim sem ceder. O que importa nestas Oportunidades, é a oportunidade que se dá as pessoas que ou não as tiveram quando deviam ou não as souberam agarrar na altura, de irem mais alem. E desta forma, se de 100 sair 1 ou 2 que consigam de facto ir mais longe, é uma aposta ganha. Menos 1 ou 2 nas ruas por exemplo. É disto que o conceito de Novas Oportunidades vive. E dizer que essas pessoas não devem vir para a faculdade porque eu no meu tempo me esforcei é para além de elitista, é estupido pelos motivos referidos.
    Cumprimentos, Bigodes

    (Grande parte deste argumento foi o usado pelo meu amigo Barbas para me convencer da utilidade do programa em questão. Obrigado caro Barbas)

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  2. Elitista e estúpido são adjectivos fortes, que devem ser utilizados quando o dom da palavra reflecte a velocidade de pensamento de quem os utiliza, caso contrário surgem descontextualizados e ofensivos, ainda para mais de quem escreve aquilo que outros pensam. Enfim.
    A crítica, como é fácil de constantar, não ataca a génese do programa Novas Oportunidades, nem os alunos que nela estão inseridos. Ataca a organização da mesma, as competências atribuidas e o nível de exigência praticado. No panorama actual, e segundo aquilo que escreve Bigodes, então deviamos todos mudar para as Novas Oportunidades, porque assim faziamos mais, com menos esforço, e somos todos felizes. Talvez seja uma boa opção. Deixarmos de ter alunos no Ensino regular, que é demasiado exigente, e passar tudo para as Novas Oportunidades e assim tinhamos das maiores taxas de população a frequentar o ensino superior. parece~lhe bem? Óptimo. Agora voltemos à realidade. Não é justo, até para os esquerdistas convictos, que as Novas Oportunidades sejam apenas uma fábrica de bons resultados numéricos para o Governo, esquecendo a verdadeira essencia da iniciativa. Educação. Enriquecimento. Crescimento Intelectual. Hoje, não reflecte nada disso. Reflecte facilitismo e incompetência de quem gere. Não abona nem sequer a favor de quem lá está inserido. Eu conheço bem o mundo empresarial e mais propriamente os departamentos de recrutamento de pessoal de diversas empresas. Sabe o que vale um diploma das Novas Oportunidades para um avaliador, comparando-o com o 12ºano pelo ensino regular? Vale zero. Infelizmente. Acha mesmo que uma pessoa que vive na rua sem dinheiro para comer se vai inscrever nas Novas Oportunidades? Sejamos realistas. Isso é um problema que vai mais fundo, é um problema sociológico. Mas cada um só vê de acordo com a cor que quer ver.

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  3. Olá DF,
    Porque dizes que a essência da iniciativa foi esquecida? O programa de NO é uma replica do regular com padrões mais baixos e objectivo mais prático. A essência não se perde com o baixar dos padrões.
    De maneira simples e sucinta (já que a minha pericia com as palavras não reflete de facto a velocidade do meu pensamento), vou tentar elucidar-te acerca de essência do ensino e exigência do mesmo:
    (1) A exigência do Ensino ou facilitismo do mesmo é completamente irrelevante a partir do momento que um impulso intelectual é criado.
    (2) Os agentes valem pelo que são, pensam e executam e não pela avaliação de um sistema de ensino atrofiado e antiquado. Sendo que os tais certificados de incompetência funcionam mais como uma maneira de dar oportunidade de mostrar valor do que própriamente uma demonstração do mesmo (devias conseguir extrair isso da experiência empresarial que possuis). Ou seja, é de alguma pobreza de espirito falar de acesso ao mercado de trabalho como se fosse um certificado de incompetência.

    Em relação aos teus argumentos:
    (1) É uma falácia falar acerca da incompetência de uma pessoa quando admites que esta possa de facto ser melhor
    (2) Não tenhas medo de competir com pessoas que achas que são menos competentes que tu. Seguindo o teu raciocinio, vais ganhar...

    Conclusão:
    (1) O programa de NO pode de facto ter falhas e não ser eficiente, no entanto não nos devemos queixar do rebento quando a falha está na raiz.
    (2) A igualdade de oportunidades é um ingrediente fulcral naquilo que é o progresso da humanidade, e daí que a luta por esta igualdade não deve ser menosprezada.

    PS: Sê mais profundo quando falas de mendigos a inscrever-se nas NO

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  4. "(1) A exigência do Ensino ou facilitismo do mesmo é completamente irrelevante a partir do momento que um impulso intelectual é criado."

    - É irrelevante andarmos a levar ao colo, só para apresentar números positivos?

    - Concordo com a análise do programa, e da sua importância na evolução da sociedade, mas o objectivo teórico brilhante não foi bem concretizado, e a prática está desfasada do objectivo inicial. Não é com números que a sociedade evolui, temos sim que formar em condições.

    Cumprimentos,

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  5. Olá GT,

    (1) Os padrões de ensino mais baixos não necessários para uma estratificação saudável da sociedade, daí que essa avaliação do facilitismo seja algo subjectiva.
    (2) Se concordas com a análise que fiz também percebes que os números são na realidade uma representação simplista da realidade e que o que interessa é o trabalho que está a ser feito nesses programas.
    (3) Se concordas com a minha análise percebes que o mais importante da formação é despertar o interesse e fornecer as condições para explorarmos o que nos estimula. Tudo o resto é pouco importante. Nem o ensino regular está perto de alcançar este objectivo.

    Conclusão:
    (1) Os números distorcidos são um pormenor sem interesse ao lado do potencial que foi criado.
    (2) Alunos do ensino regular têm realmente legitimidade de reclamar um certificado de habilitações mais "valioso" que o das NO, no entanto penso que seja um pormenor irrelevante. O verdadeiro valor nao está implícito nesses certificados não se preocupem.
    (3) É um assunto de pouco interesse que não merece de todo a importância que lhe foi atribuida.

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  6. Olá Anónimo,

    (2) Os números não são um representação simplista da sociedade. Eu que estudo Economia, não concordo que isso seja uma verdade absoluta. Não é verdade que possamos caracterizar uma sociedade ou o trabalho desta com base em números. Vejamos por exemplo, a perspectiva de Amartya Sen, Nobel da Economia, quando falou do IDH. Se números bastassem, a perspectiva do indiano teria sido adoptada e aceite por todos os estudiosos do comportamento e desenvolvimento humanos. Mas nunca chegaram a um acordo sobre como ou quais os números a englobar naquilo que mexe com a mente das pessoas. Tal como a educação. Podemos representar a evolução do conhecimento em números? Apenas em disciplinas de Cálculo talvez. Por vezes melhores resultados não significa melhores ou maiores conhecimentos.
    (3) Concordo em relação ao despertar de interesse, mas também acredito que não se deva despertar o interesse, menosprezando uns para dar a outros. Porque num mundo de socialismo perfeito, todas as oportunidades seriam iguais.

    Conclusão:
    (1) Potencial? Boas ideias desperdiçadas com o intuito de alcançar estatisticas positivas não tem o nome de potencial.
    (2) Pormenor irrelevante? Num currículo e no mundo profissional, acredita que não é tão irrelevante assim. Vivemos numa era em que a competitividade foi levada ao extremo, e não podemos ser prejudicados por facilitismos.
    (3) É um assunto com tanto interesse como qualquer outro. Apenas porque foi uma ideia genial, mal concebida e mal organizada, não quer dizer que deixemos de falar nela. Não podemos falar só nas coisas boas dos últimos governos socialistas, ou custa falar das muitas coisas que se fizeram mal?

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  7. Ah e parece-me de mau tom, distorcer o exemplo que dei, quando falei dos mendigos. Era uma metáfora, que só não entende quem não quer. Além disso, falacioso é fazer das minhas palavras algo que não são. Do conhecimento que possui, os argumentos devem basear-se em ideias e factos empiricos, não em ataques aos argumentos alheios com base em simples interpretações maliciosas dos mesmos. Fica mal, é feio e não abona em nada a favor do debate democrático e respeitador.

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  8. Olá DF,

    (2) Ainda bem que percebes a ideia que tentei transmitir em relação aos números e que estes têm a importância que têm em assuntos de qualidade não quantificavel. Não percebo portanto porque insistem em referi-los tanto quando é de facto um assunto dificil de quantificar.
    (3) Não percebo sinceramente porque se sentem menosprezados. Continua a ser devido ao certificado de habilitações? Não querem competir com aqueles com são supostamente menos qualificados?

    Em relação às tuas conclusões:
    (1) As estruturas e as condições necessárias foram criadas. Se reconheces que é uma boa ideia como é que podes dizer que não tem potencial. És de novo falacioso neste ponto.
    (2) Tinhas dito anteriormente que os certificados de NO valiam zero. Agora sentes te prejudicado. Clarifica-me acerca deste ponto.
    (3) Seria um assunto interessante se realmente falassem das ineficácias do programa (que vos levaria inevitávelmente para as falhas do percurso regular), e se discutisse sobre isso. O que fizeste foi pegar pontos pouco importantes e usá-los para tentar distorcer o trabalho que foi feito.

    Conclusões:
    (1) O potencial foi realmente criado pelas razões que mencionei acima.
    (2) A competição vai ser uma constante durante todo o vosso percurso, não tentem fugir dela, tentem antes preparar-se para ela.

    PS: Peço desculpa em relação à interpretação maliciosa que fiz acerca do que escreveste. Mas sinceramente penso que foi uma situação em que a tua pericia com as palavras nao foi feliz a transmitir o que o teu pensamento te ditava.

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  9. Olá Anónimo de novo.

    Parece-me e para finalizar a minha intervenção acerca deste assunto, que o "ressabiamento" face ao meu primeiro comentário é mais do que notório. Normal, dirás tu. Medíocre direi eu. Medíocre a tentativa triste de defender o que não tem defesa. O ataque é à organização, não à génese. Medíocre o jogo de palavras malicioso novamente usado, para cobrir aquilo que são falhas e lacunas de pensamento e argumentação. Não costumo estar na "ofensiva" em debates, muito menos quando estou a falar para um "escritor" fantasma, mas a retórica demagógica dá-me vómitos, principalmente quando influenciada por cores políticas, quando o debate nada tem a ver com estas. E finalmente medíocre a tentativa cor-de-rosa de contra-atacar quando a única hipótese é aceitar a realidade. Anónimo por respeito e por, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos em Portugal, eu aceitar a liberdade de expressão e pensamento de outrem sem a castrar, não comentarei mais este assunto. Por acreditar que o debate democrático se faz com vontade de realmente aprender e tirar daí algo positivo e instrutivo para o futuro, não comentarei mais enquanto insistir no ataque e demagogia. Tal como eu tento fazer, tente ver para além da cor política que pelos vistos lhe tolda a visão. É rosa demais para ser verdade.
    Muito Obrigado, e na próxima assine os seus argumentos. São dignos disso.

    David Ferreira

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  10. Olá DF,

    Tenho pena que finalizes desta maneira. Desta vez sim a recorrer a alguma pericia com as palavras e não à razão para mascarar o debate que se deu. Deixando de lado a parte ofensiva vou só citar algumas frases que traduzem o desespero a que te reduziste.

    (1) Medíocre a tentativa triste de defender o que não tem defesa.
    (2) E finalmente mediocre a tentativa cor-de-rosa de contra-atacar quando a única hipótese é aceitar a realidade.

    Penso que apesar de tudo consegues perceber o desespero e rigidez de ideias que estas frases transmitem, o que te impossibilita de fazer uma análise certa acerca do que se passa.
    Na verdade não é a minha visão que está toldada pelas cores da minha politica (que na verdade é cinzenta), mas sim a tua que não só é obstruida pelas cores do teu partido como também é guiada por elas. Não é disso que precisamos, é precisamente do contrário.

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  11. "Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. "
    Será?
    Após o início dos comentários neste tema surgiu, por parte de DF, um exagero na hostilidade, para com comentadores que não fizeram mais que desmontar argumentos usados no texto. Concordar ou não com a robustez dos argumentos é uma coisa. Achar que se critica os argumentos é um acto de guerra parece querer tornar os argumentos do texto sobre as NO num conjunto de verdades absolutas que não podem ser questionadas (o que está relativamente longe da verdade). As críticas não são sempre maldosas, e neste caso muito menos. A agressividade foi exagerada. Mas isso são arestas que se limam.
    Finalizo dizendo que o grande pensador não é quem defende as suas ideias mesmo quando é evidente que não tem razão. O grande pensador é aquele que muda as suas conclusões à luz de novos argumentos. Isso é evolução, é disso que precisamos. Não de cassetes partidárias, da esquerda à direita, que só veêm aquilo que o seu programa partidário lhes mostra.
    Cumprimentos.
    Barbas

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