Introdução

Grupo de jovens, mais ou menos coerentes, uns de esquerda outros de direita, outros nem sabem de onde, deram por si a debater os mais variados assuntos a cada encontro. Ora economia ora desporto, passando pela religião até aquilo que em Portugal se chama de Política.Com a evolução dos seus percursos pessoais, e da necessidade de um local para promover essas trocas de opiniões, (já fartos de serem expulsos de certos cafés) quatro deles juntam-se e nasce este espaço. Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. Sim, nós sabemos que parece um T1 em Sacavém, com vista para a linha do comboio. Mas não dá para mais, estamos à rasca.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Corrupção, problema de Educação?

Numa das minhas variadas incursões pela blogosfera nacional e internacional, deparei-me, por terras de Vera Cruz, com uma fantástica comparação entre corrupção e educação. Pensei, sintetizei e adaptei para a minha visão aquilo que acho ser uma ligação forte e inversamente proporcional entre duas "características" da sociedade.


Quando pensamos em indivíduos corruptos, a imagem que nos tolda a mente, prende-se regularmente com alguém mesquinho, interesseiro, com falta de carácter ou até manipulável. Mais do que isso, digo eu. Alguém corrupto, ou envolvido em corrupção é um ser que lhe falta a chama que incendeia a alma e alimenta o ego. Chama-se cultura, chama-se educação, chama-se instrução.

Educação, entenda-se, não é instrução. Educação é o imperativo da lei do bom senso. É o fim da nossa liberdade onde começa a dos outros. É olhar para dentro e saber que amanhã os nosso filhos não sentirão vergonha de nós. Perdoem-me, mas aos corruptos, falta-lhes tudo isto. Mas falta-lhes ainda mais. Falta-lhes ter a capacidade cognitiva e intelectual para se superiorizarem. Falta-lhes capacidade para acreditarem em si mesmos, almejando o sucesso apenas pelo esforço. Acredito que a corrupção não é mais do que mediocridade intelectual e de espirito.


Ora vejamos. A corrupção não está só nos gabinetes dos ministérios, nos corredores dos grandes clubes ou atrás das portas das grandes empresas. A corrupção está na nossa rua. No nosso prédio. Muitas vezes, na nossa casa. Vai mais longe do que os partidos políticos ou as ordens profissionais. Está tão perto quanto nós queiramos ver, e esse é o verdadeiro problema. Olhem em redor. Com atenção. Com "olhos de ver". Viram? Pois, afinal não acontece só nos altos níveis da sociedade. Acontece num suborno para esquecer uma multa de trânsito. Acontece numa "ajudinha" para o café, que dá direito a mais uns serviços por fora. Acontece no futebol, na televisão, no comércio, na função pública, nos privados, nas escolas, nas faculdades, nos liberais, nos esquerdistas, aqui, ali, em todo o lado.



Alguém corrupto é alguém que não tem capacidade para arcar com as consequências dos seus actos, esconde-se atrás de notas, favores ou promessas para fazer algo que não tem a coragem de alcançar sozinho.


Cabe-nos a nós, geração do futuro e do presente, querer mudar. Voltar ao antigamente em que os valores valiam, efectivamente, alguma coisa. Em que abrir uma porta a um idoso ou levantar para ceder o lugar não tem que ser para parecer bem, mas apenas porque foi assim que nos ensinaram. Em que pensar em nós, é pensar nos outros, é pensar no presente e no futuro, com a mentalidade de quem quer para si e para os seus, um mundo em que o trabalho, o esforço e a dedicação valham realmente o orgulho que sentimos em nós próprios.

Termino, citando:
"É preciso que se incuta no educando o hábito do bem e o horror ao mal. Em primeiro lugar que ele, desde cedo, se habitue a deliberar por si mesmo. Não se pode considerar educada a pessoa incapaz de conduzir-se na vida, sem vontade própria. É a aquisição do hábito da liberdade. O cidadão só é alguém quando aprender a resolver-se por si mesmo. É, então, homem livre, ou digno de liberdade. Sente-se a si próprio, forma a consciência de seu valor, o sentimento de sua personalidade."



Dâmaso Garrett

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