Introdução

Grupo de jovens, mais ou menos coerentes, uns de esquerda outros de direita, outros nem sabem de onde, deram por si a debater os mais variados assuntos a cada encontro. Ora economia ora desporto, passando pela religião até aquilo que em Portugal se chama de Política.Com a evolução dos seus percursos pessoais, e da necessidade de um local para promover essas trocas de opiniões, (já fartos de serem expulsos de certos cafés) quatro deles juntam-se e nasce este espaço. Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. Sim, nós sabemos que parece um T1 em Sacavém, com vista para a linha do comboio. Mas não dá para mais, estamos à rasca.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Era uma vez...

  Era uma vez um País. Um país que vivia do mérito e excelência.
Um País onde o trabalho e a competência eram garantia de sucesso. Onde o filho do operário era gerente da multi-nacional. Onde a filha da senhora do café era professora universitária. Um País onde os jovens trabalhavam e lutavam arduamente por se afirmar como a próximo geração de futuro.
  Era uma vez um País. Um País onde existia justiça. Onde o sábio prevalecia sobre o primo. O competente sobre o conhecido. O trabalhador sobre o sobrinho. Onde os cargos eram atribuídos por mérito.
  Era uma vez um País que exigia conhecimento e não conhecimentos. 

  Depois havia Portugal, um país. Onde o sucesso herda-se ao invés de se conquistar. Onde a corrupção corre no sangue, de tal forma, que ser corrupto é hoje um valor intrínseco a cada um de nós. Um país dos pais. Um grau de parentesco é um atestado de competência. Uma recomendação é uma promoção.

  Um país que pratica de forma rotineira e impune, a pior forma de corrupção que existe. Se de fraude se pode entender a tentativa de engano de todo o sistema, e por consequente de todos nós, na forma de apenas uma pessoa. O suborno ou tráfico de influências é a corrupção de uma pessoa através de um sistema. 
   Se a fraude representa a falha de um sistema representativo,o suborno é a falha do individuo que supostamente representa o sistema. O Acto de nomear, atribuir ou entregar seja um cargo público, político, de chefia ou até uma obra, através de um vasto e extenso tráfico de influências é a forma perfeita de representar o quão podre é um país. É persuadir o honesto e trabalhador que estava melhor indicado, melhor qualificado, melhor preparado ou apresentava a melhor oferta a entrar no esquema. É mostrar-lhe, continuamente, que mais vale um favor que um valor. 

  Um país, onde as vozes que contrariam o sistema são ignoradas, caladas ou compradas. Um país onde o sistema escolhe quem ocupa os lugares de chefia, que fica de mãos e pés atados, de forma a retribuir o empurrão. Um país um os juízes ou não têm poder, ou não têm coragem. Um país onde os polícias são controlados por políticos. Um país onde os reguladores não têm regulação, onde o controlador é impune ao controlo.

  Trinta e oito anos depois, ainda há tanto por fazer. Sonhou-se um País. Criou-se um país, que se alimenta na inércia, impunidade e esperança ingénua. Esperança que um dia se alterará. Um dia.

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