Introdução

Grupo de jovens, mais ou menos coerentes, uns de esquerda outros de direita, outros nem sabem de onde, deram por si a debater os mais variados assuntos a cada encontro. Ora economia ora desporto, passando pela religião até aquilo que em Portugal se chama de Política.Com a evolução dos seus percursos pessoais, e da necessidade de um local para promover essas trocas de opiniões, (já fartos de serem expulsos de certos cafés) quatro deles juntam-se e nasce este espaço. Um local para todos, onde todas as opiniões serão bem-vindas desde que civilizadas, que seja também a vossa casa. Sim, nós sabemos que parece um T1 em Sacavém, com vista para a linha do comboio. Mas não dá para mais, estamos à rasca.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Para além daquilo que se vê...

Festa Brava, sinónimo de corridas de toiros e/ou largadas adjacentes. Errado.
A Festa Brava é tudo isso mas não só. Deixem-me explicar...

Sem querer ferir susceptibilidades de quem acha todo o espectáculo uma tortura, há que ver para além disso. A Festa Brava é agricultura. É viver o campo, sentir a terra, valorizar o campino, o forcado, o toureiro e sempre o toiro. É correr as cidades e aldeias do Ribatejo nos primeiros meses de Verão e sentir o clima de festa, de convívio, de satisfação. É ver gente que não se via desde os velhos tempos de escola primária. É juntar os amigos e viver o espírito e o orgulho que traz esta festa para cada um de nós.

Não defendo que para gostarmos da festa, sermos aficionados, tenhamos que estar a correr nas ruas durante as largadas (garanto-vos que raramente me irão ver em tal situação), ou sentados nas primeiras filas de uma qualquer praça do nosso país. Gostar da festa brava, é simplesmente ser fiel aquilo que somos. Mal ou bem, é uma questão de cultura e de tradição. Discutivel? Claro, como tudo. Mas ora vejamos...

Um jovem ribatejano tem, por óbvio contacto directo, mais "condições" para gostar da Festa Brava do que um jovem do Algarve.
Um jovem madeirense tem, pelas mesmas razões, mais "condições" para gostar de poncha do que um jovem alentejano.

Salve as comparações, obviamente, a verdade é esta. É uma questão de "educação", ou se quiserem, de proximidade. Existem excepções, e com o evoluir do pensamento humano cada vez irão existir mais, porque a tendência para a igualdade das espécies e dos seres é um fim em si mesmo, para a humanidade e para a natureza.

Tudo isto para vos dizer,sou aficionado. Respeito quem não o é, como espero que esses nos respeitem a nós.

A bem da verdade há algumas coisas que sou obrigado a concordar com os movimentos anti-festa brava, como por exemplo, transmissão televisiva em canal público e aberto ou a imensidão de dinheiros autárquicos gastos em corridas. É uma festa que não é apreciada por todos, tem caracteristicas que causam mau estar em muitos cidadãos e como tal o dinheiro estatal serve para o bem maior, o bem de todos, ou se quiserem, o mal menor.

Para finalizar, que a Festa se mantenha, porque Portugal sempre existiu com ela, porque dá emprego a muitos portugueses, porque mantém viva uma série de economias adjacentes (agricultura, alimentar, artesanal, etc) e sobretudo porque só vê quem quer!

Bem haja Portugal, o galo de Barcelos, os ovos moles de Aveiro, o rancho minhoto, o bailarico madeirense, as furnas açoreanas, os dom Rodrigo ou a Festa Brava. Somos o que somos, diferentes naquilo que gostamos, iguais naquilo que nascemos, portugueses.


PS: Ponham as corridas a dar em canal pago, tributem quem faz dinheiro indevido com a festa, controlem os matadouros e os ganaderos. Tornem a festa uma tradição apenas para aqueles que realmente gostam dela.


Dâmaso Garrett

Sem comentários:

Enviar um comentário